O manifesto vergonhoso
por Gutierres Siqueira
O “Manifesto dos Evangélicos pelo Estado de Direito” lançado pelo grupo Missão na Íntegra é um exemplo eloquente de como a Teologia da Missão Integral no Brasil está contaminada pela ideologia político-partidária. Infelizmente, muita gente que assinou a lista se diz tão preocupa com a Igreja Evangélica e suas idiossincrasias, mas tenta ao mesmo tempo confundir essa igreja com um partido político.
Vejamos alguns pontos:
1. Vivemos em uma democracia e qualquer cidadão tem o direito de defender a ideologia política que quiser, mesmo que essa ideologia seja idiota. A democracia só é democracia porque devemos conviver com opiniões estranhas, torpes e cinzentas.
O problema do manifesto é defender uma ideologia partidária sem dizer isso claramente. Eles se escondem atrás de uma linguagem piedosa para reproduzir todo o lixo argumentativo dos governistas.
2. O manifesto insinua que a operação Lava-Jato está ameaçando o Estado Democrático de Direito. Mentira, mentira, mentira! Não há nenhuma ameaça à democracia. Mais de 90% das decisões da “República de Curitiba” foram confirmadas por tribunais superiores. Apesar de insinuar, não há nenhuma palavra concreta que aponte onde as garantias constitucionais estão ameaças pela operação.
3. O manifesto insinua que há uma seletividade na investigação do Ministério Público e da imprensa na divulgação das informações. É outra mentira retumbante. Inverdade essa típica de militante petista. Alguns nomes da oposição e de outros partidos já foram citados e divulgados pela imprensa. Se há um foco maior no PT é justamente porque o partido foi central no esquema do Petrolão.
4. O manifesto fala o tempo todo em ódio e tolerância, mas em momento algum condena o discurso do “nós contra eles”, que verdadeiramente espalha o ódio e a intolerância na narrativa política.
5. Há um claro incômodo com a justiça e a imprensa. Ora, um verdadeiro Estado de Direito cultiva o fortalecimento das instituições, inclusive a imprensa livre.
6. O manifesto tenta insinuar que a corrupção é epidêmica, ou seja, se você já furou fila na vida é tão culpado como um sujeito que rouba bilhões da Petrobras. Certamente que há um problema no senso de proporções nessa análise. Além disso, se todos são culpados fica difícil mensurar a responsabilidade individual.
7. O pior de tudo é comparar o ex-presidente Lula a Jesus. Não, o Lula não está sendo perseguido em um falso julgamento. É um verdadeiro sacrilégio tal comparação.
Por fim, eu sentiria vergonha em assinar um texto que parece ter sido redigido para blogs governistas e, ainda, para falar em nome dos evangélicos. Vocês não me representam!
* As opiniões expressas nos textos publicados são de exclusiva responsabilidade dos respectivos autores
e não refletem, necessariamente, a opinião do Gospel Prime
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