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terça-feira, 5 de março de 2013

Cristianismo nas redes sociais: a internet como aliada na evangelização


Cristianismo nas redes sociais: a internet como aliada na evangelização

DIÁRIO DA MANHÃ
SÉRGIO BATISTA
Ouvimos tantas especulações em torno do Apocalipse em 2012, mas o surpreendente é que dessa vez não foi fomentada pelo discurso de alguma denominação religiosa. O ano de 2013 chegou e, para muitos que acreditaram no calendário Maia, esse acontecimento seria impossível, pois esperaram que o mundo não passaria do dia 21 de dezembro de 2012. Acreditaram nesse evento, graças a internet e ao fenômeno das redes sociais, que se tornaram ferramentas de divulgação das mais diversas informações. A popularização desse tema somente aconteceu em um curto espaço de tempo pela influência das redes sociais. Dentre elas estão: o quase falido Orkut, o tão resumido Twitter e a maior rede social do Brasil, o Facebook, entre outras.
As opiniões acerca desse fenômeno na internet se dividem em duas “faces”: de um lado, especialistas estudando o uso correto das redes sociais, buscando o melhor aproveitamento dessas ferramentas - no marketing pessoal, político, empresarial e até religioso. Do outro lado, pessoas satisfazendo seu desejo de apresentar qualquer momento de sua vida pessoal. Algumas, se expondo, sem nenhuma censura. Principalmente se estiver por trás de um perfi fake, criado com um personagem fictício, para proteger a verdadeira identidade do usuário, dando a ele a sensação de mais liberdade na rede.
Normalmente, as redes sociais também são utilizadas para difundir alguma ideia, frase polêmica, histórias dos mais diversos assuntos e principalmente notícias trágicas. Milhares de internautas, muitas vezes sem nem entender o objetivo, começam uma onda de compartilhamentos que acabam criando os memes como “Luiza está no Canadá” e “Para a nossa Alegria”. A verdadeira mobilização da superficialidade, que acaba realizando o objetivo de quem começou a disseminar a ideia ou até mesmo transformando involuntariamente, em poucas horas, pessoas comuns em celebridades momentâneas.
Como o mundo não acabou em 2012, continuaremos online em nossas redes sociais em 2013. Permaneceremos também em contato com os seguidores que consideram as redes sociais uma ferramenta importante para anunciar sua fé, seus dogmas e sua devoção. Diariamente recebemos em nossas atualizações manifestações pró religião. Diante dessas publicações, me pergunto se ao participarmos dessas correntes estaríamos ajudando a sensibilizar alguns internautas? Muitas delas são verdadeiras apelações emocionais. Mensagens postadas, parecendo ser de algum internauta piedoso, algumas acompanhadas do comentário, “se fosse uma mulher nua, você compartilharia!” de forma a forçar, com tom apelativo, o seguidor que compartilhe sua publicação.
Em meio a tanta praticidade proporcionada pelas redes sociais, alguns religiosos parecem ter encontrado as respostas das perguntas como: As redes sociais facilitam o evangelismo em pleno século XXI? Se Jesus viesse ao mundo na era digital, cumpriria sua missão, se mantendo online nas redes sociais? Acredito que pela praticidade e até mesmo a facilidade de alcançar milhares de pessoas em um curto espaço de tempo, muitos dos evangélicos vão preferir essas ferramentas e justificar que Jesus até selecionaria seus doze discípulos, de sua vasta lista de seguidores. Mas sobre o evangelho e o evangelismo, seja ele pessoal ou em massa, posso dizer que evangelizar não é divulgar uma informação sobre Jesus e sim anunciá-lo com a própria vida.
Se tratando dessa relação, redes sociais e evangelismo, me permita compartilhar, o que aqui será colocado, somente como uma informação, sem nenhuma outra pretenção: Jesus é reconhecido entre os cristãos, como o Filho de Deus. Sendo ele o primogênito do Pai, o herdeiro de Deus, o Criador com Deus de toda Criação, o príncipe reverenciado no céu, decide abdicar de toda essa honra, glória, poder e majestade para encarnar, sendo gerado como uma criança comum e por uma honrada humana. Experimentou a fragilidade da humanidade, sendo criado em uma cidade discriminada como Nazaré, tendo o ofício de um homem simples, a carpintaria, cuidando de sua mãe após a morte de seu pai José, viveu como um homem comum, apreciando as comidas, bebidas e amizades.
Esse Jesus, aos 30 anos de idade, assume a missão de viver a palavra de Deus e dar testemunho de seu Pai a uma nação afastada da ética e da espiritualidade judaica, ensinada por Moisés ao povo Judeu.
Após viver três anos e meio, compartilhando a vontade de Deus com as pessoas, praticando esse ensinamento, tocando nos seus seguidores e distribuindo milagres aos que o seguiam, Jesus se ofereceu para morrer no lugar de seus seguidores, em uma morte simbólica que justificaria os que necessitariam, diante de Deus, caso eles desejassem se reconciliar com o Criador, aceitando ser como Jesus. Ou seja, para todos aqueles que escolhessem abrir mão de sua própria vida e entregá-la para o resgate de outras, seguindo o exemplo de Cristo. O que ele fez, através desse ato, foi uma convocação aos seus seguidores a dar sequência, mantendo o ciclo do Cristianismo para as próximas gerações e até a “consumação dos séculos”, compreendido por alguns estudiosos, como o fim do mundo, profetizado pelos maias, que não ocorreu em 2012.
Com base em alguns estudos, poderia afirmar que as redes sociais continuarão sendo excelentes para compartilhamento de informações, para que outros possam curtir, comentar ou recompartilhar como se faz no Facebook. Mas, só se poderá alcançar a vida de outra pessoa com o evangelho de Cristo quando as redes sociais deixarem de ser virtuais e se tornarem reais. Quando os cristãos que escolheram seguir o exemplo de Cristo, também escolherem ser amigos pessoais de seus contatos virtuais. Do contrário, Jesus somente será mais uma informação, compartilhada em meio a tantas outras, com o mesmo valor ou com nenhum valor, como é dado por alguns internautas a certas publicações. Jesus pode nem mesmo receber um curtir e talvez algum vídeo que leve seu nome tenha pelo menos um acesso.
É inegável que as redes sociais são ótimas ferramentas para comunidade Cristã, especialmente a evangélica, que teve um crescimento entre a população brasileira chegando a 22,2%, segundo o senso de 2010. Isso é claro que reconfigura todo cenário Cristão em nosso país - a música gospel, por exemplo, ganha espaço nesse novo contexto; artistas gospel se sobressaem inclusive promovendo grandes espetáculos em renomadas casas de shows e também recebendo premiações importantes no mundo da música como Grammy Latino, uma categoria específica “Música Cristã”.
Essa ferramenta possibilita divulgar, anunciar, compartilhar agendas de eventos, mobilizar, instigar, dinamizar um determinado grupo, como tem sido feito por igrejas que atendem o público jovem, as quais conseguem reunir milhares de evangélicos em mega eventos gospel, em várias cidades, inclusive Goiânia. Os promotores desses eventos podem até aproveitar esses momentos para anunciar a mensagem do evangelho, que podem até surtir algum efeito com o público participante. Sendo essa estratégia, a do evangelismo de massa, que teve seu início na década de 50 com o aproveitamento dos meios de comunicação de massa. Ainda não é possível averiguar com exatidão os reais benefícios dessa estratégia, que ultimamente recebeu o suporte das redes sociais.
Enfim, útil ou não, é inegável que as redes sociais têm uma forte energia mobilizadora, tanto em uma boa campanha de marketing ou em uma sacada involuntária de uma pessoa representada por um perfil.
Na era digital, as pessoas se voltam para possibilidade fácil de auto promoção, satisfazendo o desejo de reconhecimento, por isso, fica melhor se este reconhecimento for em massa, com maior alcance possível. Dessa forma, foge totalmente dos princípios ensinados por Jesus, que sempre buscou estar em contato com seus seguidores, abrindo mão de sua comodidade para se doar a necessidade do outro.
Em 2013, mesmo ainda não tendo previsto outra data, o mundo poderá acabar para muitas pessoas, por consequência de não conseguirem satisfazer a necessidade de se promover nas redes sociais.
Atenção! Para alguns internautas, a solidão continuará, mesmo entre milhares de contatos, pois o evangelho que trás a comunhão entre as pessoas e com Deus, somente se efetiva, quando o evangelista entra na vida das pessoas e não somente na lista de contatos!
(Sérgio Batista é teólogo, cientista da religião e superintendente da comunicação da Assembléia de Deus) 

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