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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Artigos: 5 Razões porque temos medo da Teologia da Missão Integral (TMI)




Quando terminei meu curso teológico em 1981, muitas perguntas ficaram sem respostas, 
outras receberam  meias respostas e por outro lado surgiram novas questões. Uma das
perguntas que mais insistiam no meu coração era: Por que a igreja não se preocupa com a
 necessidade dos pobres? Por que a igreja não tem como uma das partes da sua missão
 transformar o mundo  social que nos rodeia?
.
    O interessante que cada vez que se tocava o tema nas nossas classes, o alvorço na sala de
aulas acontecia de forma extraordinária. E o mais interessante ainda, que eu saia sem
resposta e com uma marca no meu curriculum de “comunista”. Passaram-se mais de 30 anos
e no ministério me deu  algumas respostas, que posso e gostaria compartilhar. Mas por outro
lado, surgem  novas  perguntas : Como tirar o medo da igreja para sair das 4 paredes?
Por que a igreja não quer mudar?. Estas novas perguntas as deixaremos para uma próxima 
reflexão.  Agora nos preocuparemos com respostas ao tema  supracitado no título

Primeiro, tememos a TMI por ignorância bíblica e teológica. Até alguns anos passados nem se 
falava sobre o tema. Nos tempos passados dificilmente se tocava o tema de Missão Integral. 
Até onde eu saiba,  não superamos o numero  dos dedos da minha mão direita dos seminários
denominacionais que tem na sua grade curricular o tema como disciplina. Menos ainda como
sendo o tema central do projeto pedagógico da instituição. Desta forma, se os seminários não
apresentam esta teologia, as igrejas jamais estarão preparadas para fazer a obra de missões
de forma integral. As instituições podem ter na sua malha curricular, evangelismo, assistência
social, missões, discipulado mas isso não é missão integral

Segundo, tememos porque nossa pregação é neo platônica e não  é o evangelho de Jesus. 
O neo platonismo  é uma forma de misticismo,  que contém partes teóricas e práticas, a 
primeira se refere a elevada origem da alma humana e mostrando como ele se afastou de seu
primeiro estado e a segunda parte mostra o caminho pelo qual a alma pode novamente voltar
ao eterno Ser Supremo. Os nossos apelos evangelisticos são para entregar a alma para Jesus. Estimulamos o “ópio da religião” mostrando no discurso da pregação de que quanto pior é melhor, pois estamos 
no fim dos tempos e que vamos morar no céu e é isso que tem valor. O povo fica anestesiado
 numa mensagem alienante da realidade que rodeia os membros das igrejas

    Essa pregação neo platônica  tem gerado nos últimos anos duas vertentes que 
enfraquecem ainda mais a verdadeira fé em Jesus e desvaloriza a mensagem do evangelho
e o desenvolvimento da missão integral: a teologia da prosperidade e a batalha espiritual. 
Ambas correntes de pensamento se tem infiltrado em grande parte da pregação evangélica 
e muitos nem percebem do fato e até de forma ignorante por falta de conhecimento pregam
pois o povo deseja que os seus ouvidos e desejos sejam satisfeitos

    Quando somos chamado a “ encarnar” o evangelho de Jesus, somente oferecemos a 
assistência social como paliativo. É o assistencialismo com um rosto de boas obras. Paulo 
escreve aos Filipenses:  “tenham o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus”. 
Este sentimento é da encarnação. E  para  vivenciar  a encarnacao na vida, é necessário o esvaziamento à moda de Jesus como Paulo continua no texto de Filipenses. Não conseguimos esvaziar-nos pois os nossos ídolos não nos permitem fazê-lo e então  não haverá a encarnação ensinada e praticada por Jesus - 
identificação total com o ser humano

Terceiro, tememos porque  estamos embaraçados pelos desejos do poder e da glória. 
A igreja evangélica brasileira deseja ocupar os espaços políticos, economicos, sociais do pais. A nossa mídia dá destaque as grandes e duvidosas  conversões de intelectuais ou  personagens famosos.
A fama é o requisito para ser  convidado nas igrejas. O poder é o desejo de ter sob controle 
grandes auditórios para oferecer uma masturbaçao religiosa esquecendo que o evangelho
de Jesus é “lavar os pés”. Não sabemos se estamos pregando motivação para deixar os
pecados que nos enreda ou a o conversão  que foi aquilo  anunciado pelos profetas, 
Joao Batista e Jesus. Conversão que é transformação de vida operada pelo Espirito Santo 
de Deus, quando ha arrependimento  e o desejo de abandonar os pecados.

Quarto, tememos porque o consumismo nos devora.  Um dos piores inimigos da Missão 
Integral é o consumismo. O desejo do acumulo de produtos supérfluos e  bens   
de consumo nos intimida em direcionar os recursos para suprir as necessidades dos mais
necessitados e apoiar aqueles que desejam   transformar a nossa realidade.
Isso não somente acontece nos termos individuais mas também a níveis comunitários.]
As nossas igrejas se tornaram consumistas e o padrão do ativismo é o glamour e a fama.

    Antigamente na disputa religiosa entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Protestante da
Reta Doutrina (protestantismo - evangélico), tinhamo que  este último apontava a riqueza da
ICAR e seus grandes templos luxuosos e muitos deles que ainda estavam em construção.
Hoje o orgulho evangélico é apresentar grandes e sofisticados templos. Grandes produções
de show musicais e de habilidades. Ha uma grande confusão entre o show e o culto que não
sabemos onde começa e termina um ou outro. Os aplausos, os nomes, os destaques estão no
centro do palco. Se firmam contrato para pregar, cantar, dançar. É o show bussines gospel. 
Se o mundo tem os seus atores, atrizes, grupos musicais e cantores, também nós devemos 
ter. Precisamos nos separar do mundo criando nossos guetos, nossos condomínios sacro
santos onde a TMI não seja ensinada. Assim como um dos piores inimigos da Missão Integral
é o consumismo. O pior inimigo do consumismo é viver e praticar a Teologia da Missão
 Integral.

Quinto, somos evangélicos idolatras. Idolatramos nosso dia domingo, nosso templo e nossa
 gente. Estes estão em primeiro lugar. Quando Jesus falou que amar o próximo era o segundo mandamento, Ele o falou num contexto de conflito. O texto do bom samaritano é que o próximo não é o meu irmão, família ou meu amigo. O próximo é o meu inimigo. Em termos evangélicos hodierno diríamos que o nosso próximo 
que Jesus se referia para amar hoje seriam: o pobre, o excluido social, o sem teto, o gay, o
travesti, o pedófilo, a prostituta, viciado, e toda aquela escoria para os quais  nos tornamos
intolerante e os apontamos como nosso alvo de acusar e de conversão. . Mas não é 
conversão que devemos produzir neles, quem faz isso é o Espirito Santo. Isso não
significa que concordemos com suas práticasA mensagem do Senhor da Igreja e o 
Gerador da Teologia da Missão Integral é “Amem seus inimigos”

Concluindo, a igreja precisa rever sua mensagem e se libertar do medo. O apostolo João 
escreve na sua carta que “ o perfeito amor lança fora o medo”; é nos aperfeiçoando no
amor que vamos conseguir avançar e atrair verdadeiras  multidões dos verdadeiros
discípulos de Cristo. Este é o tão desejado sonho das igrejas evangélicas e que em muitos 
lugares são declarados como slogans, missão ou propósito. Ser e ter multidões. Mas a 
estratégia esta errada.  Esta igreja evangélica brasileira se ufana de possuir 40% da 
população brasileira como evangélicos  ou seguidores do Senhor da Galiléia, mas as 
mudanças necessárias no pais não esta acontecendo nem nas igrejas. O modelo de Jesus 
não esta sendo praticado coerentemente como Ele o fez e ensinou: Esvaziando-se e 
Encarnando-se

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