República Centro-Africana: missionária comenta situação no país
24 de abril de 2013
A missionária Maria Ilza Lopes Pereira, que em março teve que deixar a República Centro-Africana após a

Maria Ilza diz que os últimos dias têm sido bastante difíceis. Segundo ela, as primeiras informações de que poderia haver um conflito no país surgiram no final de 2012. Em dezembro, a missionária veio ao Brasil, onde permaneceu até fevereiro, quando voltou ao campo.
De fevereiro para cá, a situação na República Centro-Africana se deteriorou de tal forma a ponto de os rebeldes do grupo Seleka conseguirem tomar a capital, Bangui, e depor o presidente do país, François Bozizé, no dia 24 de março. Maria Ilza retornou dois dias antes do golpe, após ser orientada pela Gerência de Missões.
“Dois dias após minha chegada ao Brasil, o grupo rebelde Seleka atacou todas as aldeias. Eu ficaria 25 dias no Brasil e recebi um comunicado dizendo que eu não poderia voltar à República Centro-Africana”, conta Maria Ilza. “Foi quando entrei na internet e vi os recados de pedidos de oração de pessoas daquele país pedindo para orarem por eles. Assim que pisei em solo brasileiro, toda a República Centro-Africana tinha sido tomada pelos rebeldes”, acrescenta a missionária.
O primeiro alerta para a missionária sair do país veio de funcionários do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Embaixada francesa em Bangui.
“Escutando essas coisas, meu coração começou a apertar. Passou um filme na minha cabeça, pois já tínhamos retomado as atividades do clube bíblico e, em meio à calamidade, Deus nos permitiu abrir um ponto de pregação, construído com bambus e palha. Ali fizemos o primeiro culto de oração, e quem orou foram as crianças e as mulheres”, relata Maria Ilza. “Até então eu não sabia que a situação iria se complicar”, acrescenta.
Então a missionária entrou em contato com o coordenador de Missões Mundiais para a África, Pr. Ruy Oliveira Jr., que autorizou o retorno de Maria Ilza ao Brasil. Ela teve que sair de madrugada de casa para ir ao aeroporto e poder pegar o voo.
“Se não fosse de madrugada, talvez eu não pudesse sair”, conta. “Ore pela República Centro-Africana. Mais de 300 pessoas morreram lá. Peço que você ore pelos irmãos em Cristo”, apela a missionária.]
O presidente da Associação das Igrejas Batistas Evangélicas na República Centro-Africana, Pr. Nicolas Singa-Gbazia, pediu que os irmãos brasileiros “levantem clamores” pelo país dele e disse à missionária Maria Ilza: “O Senhor está no controle, e nós estamos nos fortificando para enfrentar este conflito pelo poder do Espírito Santo”. A igreja na República Centro-Africana tem sofrido perseguição, inclusive com pessoas que tiveram suas casas tomadas e templos depredados.
Entenda o conflito
Entenda o conflito
O grupo rebelde Seleka, que lutava contra o governo centro-africano desde o Natal de 2012, tomou o poder e depôs o presidente François Bozizé em março. Dias depois, o líder do Seleka, Michel Djotodia, se autoproclamou presidente do país. Os rebeldes foram avançando e controlando cidades importantes até que chegaram a Bangui, a capital. O conflito já deixou centenas de mortos, e milhares de pessoas se refugiam em países vizinhos.
A República Centro-Africana, nação rica em minérios,
tem menos de 5 milhões de habitantes e não tem saída para o mar. É também uma das nações mais pobres do mundo e cenário de mais um golpe de Estado desde sua independência, em 1960.
Nenhum comentário:
Postar um comentário